Resquícios de Mim
Chamei-te
mas tu não me ouviste.
O punhal que trazia cravado na alma
falou mais alto que a minha voz,
abafou a dor que em mim ecoava.
Para quê inteirar-me da tua presença?
Se tudo o que sinto é um infinito vazio
que me prende o corpo e me esmaga a alma.
No tempo que se desfaz como pó
ficou a lembrança do teu corpo,
do dia que correu
do amor que não aconteceu...
Estou de volta
à imensa incerteza do teu toque,
do teu cheiro,
à incerteza da tua voz
que eu não sei
se murmurará
ao meu ouvido.
Maio de 2004.